CuidadorEnvelhecimentoIdosoSaúde do idoso

Você sabia que tem como avaliar se seu familiar idoso está necessitando de cuidados diários? E que é simples e rápido fazer este teste?

O termo fragilidade é comumente utilizado para representar o grau de vulnerabilidade do idoso a desfechos adversos ou complicações, como declínio funcional, quedas, internação hospitalar, institucionalização e óbito.

O idoso em risco de fragilização apresenta condições de saúde preditoras de fragilidade, como comorbidades múltiplas (polifarmácia, polipatologia e internação recente), sarcopenia ou comprometimento cognitivo leve. Por sua vez, o idoso frágil já apresenta declínio funcional estabelecido e é dependente nas atividades de vida diária instrumentais e/ou básicas. Ele apresenta grande dificuldade para a realização de tarefas essenciais para uma vida independente, incluindo as atividades de autocuidado e as domiciliares, com necessidade da ajuda de outra pessoa.

O envelhecimento está intimamente associado ao processo de fragilização. Contudo, a idade, por si só, não é um adequado preditor de fragilidade, uma vez que o processo de envelhecimento não segue um padrão homogêneo. A heterogeneidade entre os indivíduos idosos é marcante e progressiva ao longo do processo de envelhecimento.

Da mesma forma, envelhecer sem qualquer doença crônica é mais uma exceção do que a regra. Deste modo, conhecer apenas a idade dos indivíduos e o número de doenças crônicas não agrega possibilidades de melhor compreensão da situação de saúde e capacidade do indivíduo idoso. Assim, saúde no idoso pode ser compreendida como a capacidade individual de satisfação das necessidades biopsicossociais, independentemente da idade ou da existência de doenças.

A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) é a principal ferramenta utilizada para a identificação do idoso frágil e deve ser aplicada por equipe geriátrico-gerontológica especializada, na qual diversas escalas ou instrumentos são utilizados, cuja duração média varia de 60 a 90 minutos. Assim, pode-se considerar a AGA como um procedimento diagnóstico de alto custo, que necessita ser, portanto, bem-indicada. Torna-se, então, fundamental a utilização de instrumentos de avaliação rápida, aplicados por qualquer profissional de saúde, como os agentes comunitários de saúde e/ou técnicos de enfermagem, capazes de reconhecer o idoso de risco.

Atualmente, todos os testes rápidos utilizados para este fim não apresentam acurácia necessária para identificação do idoso frágil. A AGA permite um processo diagnóstico global e amplo, envolvendo o paciente e sua família, com a finalidade de verificar a saúde do idoso como um todo. Consiste na busca de informações referentes a vários aspectos: funcionalidade global, sistemas funcionais (cognição, humor, mobilidade, comunicação), sistemas fisiológicos principais, uso de medicamentos, história pregressa e fatores contextuais (avaliação sociofamiliar, ambiental e do cuidador). Permite classificar o idoso em um dos 10 estratos clínico-funcionais. Entretanto, a utilização da AGA no contexto da atenção primária é inviável, apresentando relação custo-benefício insatisfatória em termos de saúde pública. Por isso, é importante a definição de quem é o idoso a ser submetido a essa avaliação. Assim, um instrumento de triagem multidimensional objetivo, simples e de rápida aplicação torna-se de grande importância.

No Brasil, os profissionais de saúde tendem a considerar um idoso como frágil baseando-se em sua aparência geral ou quando tal indivíduo apresenta múltiplas doenças ou comorbidades. Para esses profissionais, a identificação adequada do idoso frágil necessita ser simples e rápida. Assim, considerando essa questão, foi desenvolvido o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20) como instrumento de identificação rápida da fragilidade.

Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20)

O Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional – 20 (IVCF-20) é um questionário simples, capaz de avaliar os principais determinantes da saúde do idoso. Apresenta caráter multidimensional e alta confiabilidade. Portanto, pode ser considerado uma ampla metodologia de avaliação geriátrica, que pode ser realizada por profissionais não especialistas. Sua aplicação é simples e rápida, podendo ser utilizado por qualquer profissional de saúde ou até mesmo pelo próprio idoso e seus familiares. Os principais objetivos do instrumento são:

• identificação do idoso frágil (estratificação de risco), que deverá ser submetido à Avaliação Multidimensional do Idoso (Avaliação Geriátrica Ampla) e elaboração do Plano de Cuidados;

• indicação de intervenções interdisciplinares capazes de melhorar a autonomia e independência do idoso e prevenir o declínio funcional, institucionalização e óbito, mesmo na ausência da Avaliação Multidimensional do Idoso realizada por equipe geriátrico-gerontológica especializada;

• planejamento de demanda programada no SUS e na Saúde Suplementar: definição de grupo de idosos que necessitarão de atendimento diferenciado de acordo com sua prioridade;

• estruturação e direcionamento da consulta geriátrica: planejamento da consulta especializada do idoso, destacando as dimensões da saúde do idoso que merecem uma investigação mais detalhada.

IVCF-20 é um instrumento simples e de rápida aplicação (cinco a 10 minutos), tem a vantagem de ter caráter multidimensional, e avalia 15 dimensões consideradas preditoras de declínio funcional e óbito em idosos, tais como:

. a idade;

. a autopercepção da saúde;

. as atividades de vida diária (três AVDs instrumentais e uma AVD básica);

. a cognição;

. o humor/comportamento;

. a mobilidade (alcance, preensão e pinça; capacidade aeróbica/muscular; marcha e continência esfincteriana);

. a comunicação (visão e audição);

. comorbidades múltiplas representada por polipatologia, polifarmácia e/ou internação recente.

Cada seção é avaliada por meio de perguntas simples, que podem ser respondidas pelo idoso ou por alguém que conviva com ele (familiar ou cuidador). Foram também incluídas algumas medidas consideradas fundamentais na avaliação do risco de declínio funcional do idoso, como peso, altura, Índice de Massa Corporal – IMC, circunferência da panturrilha e velocidade da marcha em 4 metros. Pode ser aplicado por toda a equipe de enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem) e demais profissionais da área de saúde (médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, assistente social, dentista, psicólogo e farmacêutico) e, até mesmo, pelo cuidador ou pelos familiares.

O índice apresenta alta correlação e sensibilidade para identificação do idoso frágil, quando comparada com a Avaliação Geriátrica Ampla, ao mesmo tempo em que proporciona considerável nível de especificidade, ou seja, o instrumento é capaz de identificar, com notável acurácia, tanto idosos que necessitam de acompanhamento especializado quanto aqueles que podem continuar sendo atendidos por profissionais não especialistas em Geriatria e Gerontologia. Além disso, não é um instrumento “fim”, que apenas define o grau de vulnerabilidade de um indivíduo idoso, mas sim um instrumento “meio”, que indica qual a prioridade no seguimento desse paciente e que pode possibilitar o acompanhamento clínico necessário em um contexto de rede de atenção à saúde do idoso.

Os pontos de corte do IVCF-20 associados à melhor relação sensibilidade e especificidade foram, respectivamente, 7 e 15. A proporção de idosos com fragilidade clínico-funcional identificados no IVCF-20 com pontuação de 7 ou mais foi boa (91%). Isso significa que a maioria dos idosos com fragilidade clínico-funcional foi corretamente identificada utilizando-se esse ponto de corte. Todavia, a especificidade desse grupo não foi considerada satisfatória (71%). Isso significa que 29% dos idosos com IVCF-20 ≥ 7 pontos podem não ser frágeis e que, portanto, não necessitariam de avaliação geriátrico-gerontológica especializada.

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